A Casa da Floresta
O sol beijava-lhe a face delicadamente, o cheiro das flores chegavam as suas narinas como uma carícia suave e delicada, sentia-se leve, tinha a impressão de que podia voar, sentiu algo suave toca-lhe a cara, era quente e macio, abriu os olhos, Tinho olhava-a com carinho, Clarissa olhou ao redor estava deitada numa cama confortável de madeira rústica, a sua frente tinha uma cadeira também de madeira rústica e uma mesinha com um jarro de agua e algumas frutas, as paredes eram de madeira, era aconchegante.
—Aonde estou? — Perguntou confusa
—Em nossa casa, aonde mais poderia ser?
—O que aconteceu?
—Voce desmaiou, eu trouxe você para nossa casa.
—A cabana? — Perguntou incrédula
—Claro, aonde mais?
—Como? — Perguntou céptica — Como conseguiu trazer-me?
— Ah… num carrinho de mão, vim até aqui em casa buscar o carro e trouxe-a para ca.
— Ok — Disse sentando na cama decidida — O que está acontecendo Tinho?
— Não percebi
—Quem esteve contigo quando eu desmaiei?
—Ninguem
—Tinho diz a verdade ou eu vou embora agora, saio daqui e não volto mais
— Não podes voltar mais
— E porque não? — Perguntou em tom de desafio
— Sabe aquela historia sobre a floresta ser viva? Pois bem, é verdade.
— Pare com isso Tinho, olha para mim, — Clarissa suspirou tomando uma posicao de adulta— Vamos parar de brincadeirinha, perdoa-me por ter feito esse disparate de vir contigo, acho que por momentos eu passei da cabeça, na verdade eu vim aqui com outras intencoes, eu so queria morrer e largar tudo para trás, mas não queria deixar-te — Tinho ouvia em silêncio — Mas agora eu percebe as coisas com clareza, Meu Deus!!! Como fui fazer isso, não tinha direito, seus tios devem estar enlouquecidos, minha madrinha deve estar a beira de um colapso, o que é que eu fiz meu Deus??? — Soluçou. — Mas eu vou consertar tudo isso, vou voltar, vou entregar-me a policia, vou denunciar seus tios, vou arcar com as consequências pelo menos uma vez na vida. — Disse levantando decidida.
— Não podes voltar mais Clarissa — Disse insistente
— Para com isso Tinho! Chega de brincar…— Bradou
— Está bem, então volte! — Concordou
Tinho saiu de perto de Clarissa caminhou em direção a porta, olhou mais para ela com ar de desafio e sorriu. Clarissa ainda ficou uns instantes sentada, precisava reorganizar as ideias, correu atrás de Tinho.
— Aonde está minha mala Tinho?
— A floresta levou-a — Clarissa sentiu o sangue ferver, aquela brincadeira já não tinha graça nenhuma.
— Eu vou perguntar de novo Tinho, aonde esta a minha mala?
— E eu vou responder de novo: A FLORESTA LEVOU-A.
— Tudo bem, Tinho, tudo bem.
Clarissa voltou para cama, sentiu a cabeça rodar, suspirou fundo, calçou os sapatos que estavam a beira da cama, olhou para um móvel que estava a sua frente, levantou e foi até ele, abriu-o e não podia acreditar, as suas coisas estavam todas dentro dele, roupas, calçados, alguns livros, lembranças pessoais, tudo estava la. Não podia ser verdade, aquilo não podia ser verdade, era uma brincadeira de mal gosto, estava a sonhar, ou melhor a ter um pesadelo, voltou para cama e suspirou, precisava de ar.
Levantou lentamente e caminhou para a porta, era uma sala, mais parecia uma sala de boneca, duas poltronas, uma mesa de centro, uma estante cheia de livros, e uma secretária cheia de pincéis, tintas e algumas telas, sempre fora seu sonho pintar, lembrou, era tudo muito rústico, na janela uns cortinados brancos com tulipas a amarelas como a carpete no chão, como no quarto as paredes eram de madeira polida e pintadas de verniz, tinha outra porta, Clarissa caminhou em direção, era outro quarto, uma cama de solteiro, um móvel, e uma mesa, ela abriu o móvel, não teve surpresa ao ver as coisas de Tinho arranjadas no sitio, sinceramente não estava a gostar daquela história, afinal de contas, quem era Tinho de verdade?
Voltou para a sala e viu a cozinha, caminhou para ela, um fogão de lenha, uma mesa com 4 cadeiras e uma armário, estava tudo muito ajeitado e limpo, no fogão um tacho, Clarissa foi até ele, abriu-o era um guisado, parecia de frango, experimentou, estava muito saboroso, estava com fome, não sabia que horas eram, mas tinha fome, viu a porta da rua, aonde estaria Tinho?
— Vamos almoçar? — Perguntou Tinho com um sorriso
— Sim, — Clarissa queria sacudir Tinho e arrancar toda a verdade do miúdo, mas tinha muita fome para isso. — Mas com uma condição, almoçamos e depois vamos embora.
— Já disse Clarissa, agora aqui é a nossa casa, mesmo que quisermos voltar não podemos, se quiser tentar pode tentar, mas não vai conseguir.
— É você que não vai deixar-me ir?
— Não, é a floresta, só entre ou sai quem ela deixa, eu sei que é difícil para você perceber isso, mas logo vai entender tudo e aceitar.
— Vamos comer Tinho.
— Tudo bem
Comeram em silêncio, Clarissa tinha tantas perguntas, a começar de que era aquele guisado tão bom e quem fizera, não podia ter sido Tinho, mas parecia hipnotizada, parte de si não queria saber de nada, só queria ver a casinha, como era linda, e tantos livros, podia pintar, e os cortinados da sala, amava tulipas, em especial as amarelas, faltava um belo quadro de tulipas na parede, e na mesa de centro faltava um jarro com flores. Pensou! Ouviu latidos de cão.
— São os nossos cães, a Lessi, o Brutus e a Lissa. — Disse Tinho sorridente — Venha conhece-los.
Clarissa amava cães, sempre sonhara em ter uma poodle branquinha, caminhou para a porta da rua, não podia acreditar, Tinho chamou Lissa que correu para Clarissa, era uma poodle branca, era como se conhecesse Clarissa, a cadelinha já não queria sair dos braços de Clarissa, os outros cães também a saudaram com lambidelas, Clarissa levantou os olhos para ver o sitio aonde estava, aquilo não podia ser real, sabia que estava a sonhar, um sitio daqueles não podia existir de verdade, a cabana era toda rodeada de tulipas amarelas, ao lado uma horta com verduras viçosas e tenras, havia alface, tomates, couves, todo tipo de legumes. A frente existia um pomar e ia até aonde seus olhos podiam ver, todo tipo de frutas comestíveis havia lá, olhou por entre os canteiros do jardim um pequeno riacho que banhava todo o jardim e nele muitos peixinhos, era verdade, tudo que Tinho contava era verdade, mas não podia ser, aquilo que não era verdade, estava louca, teria morrido, ou estaria num hospital em estado vegetativo tendo sonhos malucos, ou teria tomado alguma droga, quando começou a ter essa ilusão? Pensou um pouco, fora a agua, era isso, logo depois do almoço na clareira dormiu, foi ai que tudo começara, agora poderia estar deitada debaixo da arvore tendo convulsões.
— Que acha? Gostou da Lissa? É sua. — Disse Tinho
— Sim, gostei muito, só me diz uma coisa, como sabia de tudo que gosto, e como conseguiu tudo isso?
— Foi a floresta, eu só dizia a ela as coisas e quando era no final de semana quando chegava aqui estava tudo assim.
— Quer dizer então que tudo aqui você simplesmente disse a floresta que queria e apareceu?
— Mais ou menos isso. — Clarissa sorriu incrédula
— Há quanto tempo você vem aqui?
—Desde dos sete anos, desde que conheci você, lembra? Quando comecei a estudar, um dia meu tio atrasou e eu fui brincar com os meus colegas, depois tive que ir embora sozinho, então me perdi no caminho e fui parar na floresta, ela me ajudou a voltar para casa.
— E porque nunca deixou a vida miserável com seus tios e veio para ca?
— Por sua causa
— Porque? — Perguntou curiosa
— A floresta disse-me para cuidar de você até chegar a hora certa, o momento de você vir definitivamente para casa.
— Você faz ideia de que as pessoas estão la fora procurando por nós, preocupada conosco, se calhar toda essa floresta esta cercada de policias e moradores nossa procura?
— Não, não estão, você sabe que não estão, ninguém se importa conosco, e a mala com as jóias? Estao aonde sempre estiveram, no cofre da sua tia, a floresta devolveu-a ao sitio dela. Mas isso não é o mais importante, a floresta mudou a historia, nos dois não existimos mais la fora, ninguém se lembra de nos, percebe?
—Foi a floresta que disse-te?
— Sim
— E como você fala com a floresta? Ela se materializa em forma de alguma coisa e fala com você?
— Não, eu falo com ela e ela me responde dentro da minha cabeça, ela sabe de tudo, do passado, do presente e do futuro.
— É mesmo? E ela fala contigo a hora que você quiser?
— Sim
— E se você perguntar alguma coisa para ela agora ela responde?
— Sim
—Entao pergunte o que estou pensando agora?
— Nada, mas ela manda dizer para você que realmente falta um quadro de tulipas na sala e podes ficar a vontade para pinta-lo e o jarro de flores ficará lindo na mesa de centro, mas isso é com você, a casa agora e sua.
Clarissa sentiu um arrepio na espinha, o estômago tentou sair a correr pela garganta, engoliu-o de volta, precisava recompor-se, queria gritar, queria que alguém alem de Tinho dissesse-lhe alguma coisa, sentiu as lágrimas rolarem no rosto, não sabia se o pânico era de não saber o que passava-se ou do medo de que tudo aquilo fosse realmente um sonho. Correu para dentro de casa, para o quarto, sentou-se na cama, suspirou, ouviu Lissa a latir, a cadela correu e pulou para cima da cama, deitou ao lado de Clarissa pedindo um carinho. Clarissa levantou-se e caminhou até o móvel aonde estavam suas coisas, não podia ser, avistara seu telemóvel, pegou-o sem esperança, se tudo aquilo que Tinho havia dito-lhe fosse verdade então estaria sem contacto com o mundo, olhou para o telemóvel e simplesmente estava normal, havia rede e tudo, não podia acreditar, discou imediatamente o número da madrinha, começou a chamar, Clarissa não podia acreditar, sentiu as mãos trémulas e suadas.
— Estou? — A voz de Clarissa não saia ao ouvir a madrinha — Quem é? — Insisitiu
— Madrinha? Sou eu Clarissa… — Disse com voz titubeante
— Desculpe? Não conheço nenhuma Clarissa, desculpe, mas não tenho nenhuma afilhada com este nome, na verdade não tenho nenhuma afilhada, com licença.
— Espere, por favor! — Gritou a suplicar — Quem está a falar?
— Joana, e desculpe rapariga, não tenho tempo para conversas, tenho que desligar.
— Conhece o Sr. Edgar? — Gritou rápido antes que fosse desligado o telefone
— Claro que sim, é meu marido, o que você quer com o meu marido?
Clarissa não conseguia respirar, desligou o telefone, agora esta imóvel a apertar o telemóvel, só podia ser brincadeira, alguém estava lhe pregando um partida, só podia ser, sua madrinha estava casada com seu pai? Não podia ser, o pai morrera há 8 anos atrás, o pai e a madrinha eram como dois irmãos, o que estava a acontecer? Discou com ansiedade para a escola, devia ter alguém lá, logo o telefone atendeu, era sua antiga chefa, reconheceu logo a voz.
— Marlene, é a Clarissa — Disse rápido
— Quem? Desculpe mas não conheço nenhuma Clarissa, quer falar com quem? Pode deixar recado porque as nossas professoras então em sala de aula e não podem sair agora, compreende?
— Claro que sim, sou tia de um miúdo, Tiago Menezes do quarto ano…
— Desculpe minha senhora, só temos uma sala do quarto ano e não estuda nenhum Tiago Menezes, conheço todas as crianças dessa escola e não há nenhum Tiago Menezes.
— Desculpe insistir, mas eu sou de outra cidade, o miudo é sobrinho de um casal de velhotes da quinta Minas do Conde o Sr. Manuel Menezes e sua esposa Margarida Menezes, são muito conhecidos aí na Aldeia.
— Olha, desculpe não poder ajuda-la, tenho certeza de que enganara-se, até mesmo porque esse casal o qual refere-se realmente moraram aqui, mas já faleceram há mais de seis anos, e pelo que eu saiba, nunca tiveram nenhuma criança por la.
E até que a bateria do telemóvel fosse abaixo Clarissa ligou para todos os números que tinha na agenda, ou que lembrava-se de cabeça, mercados, padarias, talhos, simplesmente ninguém nunca ouvira falar de Clarissa ou de Tinho. Clarissa já não sabia o que pensar, tinha sido apagada, aparentemente não existia, não podia ser brincadeira, a vila não iria juntar-se para prega-lhe uma partida tão cruel assim, iria embora dali, acabara de decidir, tiraria essa historia a limpo, não podia simplesmente ter sido apagada do planeta, era um ser humano, tinha uma história, uma vida, miserável, mas era sua, construiu-a com lágrimas e suor, noites e noites de sonhos e pesadelos, era um ser com livre arbítrio, devia ter o direito de escolher, não escolhera o éden, escolhera lixar a madrinha e morrer, era uma escolha estúpida, mas era a sua escolha, queria gritar, saiu correndo pela porta, entrou na floresta, não olhou para trás, era tudo muito lindo, muito perfeito, mas não era a sua vida, não era real, era uma ilusão, já estava cansada de ilusão, começou a gritar para a floresta, gritou até a sua voz não sair mais, caminhou horas e horas a fio, o sol escaldante da tarde já confundia-lhe as vistas, tinha sede, tinha fome, queria sua vidinha miserável de volta, caminhou mais horas e horas, parecia não sair do lugar, sempre voltava ao mesmo sitio, já estava escuro, e escureceu de uma maneira que nunca vira antes, não havia se quer uma centelha de luz, era como se a floresta tivesse pintando-se de preto, sentiu um arrepio de medo, começou a correr não sabia para aonde, avistou um raio de luz, correu em direcao a ele, a luz foi ficando cada vez maior até poder vê-la com clareza, era a cabana, aproximou-se da porta, estava aberta, entrou, olhou para a cozinha Tinho estava sentado a mesa, dois pratos postos, no fogão o tacho.
— Seu miúdo filho da… — Praguejou olhando fulminante para Tinho
— Por favor…Implorou Tinho com os olhos cheios de lágrimas — Venha jantar, a banheira esta cheia de agua quentinha para você.
Clarissa sentou-se na mesa, mais calma, precisava sair daquele delírio, tinha que pensar, tinha que descobrir que raio de situação era aquela, mas agora não, estava desorientada de fome, sede e cansaço, só queria comer, tomar um banho e ir para cama, amanhã era outro dia, pensaria em alguma coisa amanhã, agora queria dormir, apenas dormir.
Clarissa acordou ouvindo o latido dos cães, ouviu gritos e risadas de Tinho a correr pelo jardim, sorriu, era agradável aquele som, mas não, não podia ser, estava louca, já lera muitos romances e vira muitos filmes, lembrou-se de um em que um vampiro prendia suas vitimas num porão e enquanto sugava-lhes o sangue, injectava um veneno nas vitimas para que tivessem sonhos agradáveis, e ficavam ali dias sendo sugadas ate a morte. Mas e daí? Estava sendo parva, não era isso que queria?
Não queria morrer, então pronto, que morresse, mas não! Não podia, não assim, a vida era dela, se alguém iria por fim, seria ela mesmo, iria tirar essa historia a limpo, Tinho iria ter que contar-lhe toda a verdade, levantou-se da cama apressada, passou pela sala, la estava um vaso lindo sob a mesa, não resistiu, tinha que por ali umas tulipas, a sala estava incompleta sem as flores, saiu para o jardim para apanhar as flores, abaixou-se tirou a primeira tulipa, quando levantou os olhos quase caiu para trás, a sua frente estava um rapaz aparentava ter seus 40 anos, era tão lindo, não podia ser verdade, agora tinha certeza de que estava a sonhar, não existia um homem tão lindo assim, era mesmo parecido com os príncipes dos seus romances.
—Entao Clarrissa, resolveu aceitar sua nova vida? — Perguntou com um sorriso
—Quem é você?
—Voce sabe quem eu sou, para o Tinho eu sou a Floresta, pra você “uma segunda chance”
—O que aconteceu comigo? Aonde eu estou? Diga-me qualquer coisa
—Clarissa, no seu intimo você sabe o que aconteceu, você simplesmente não quer acreditar nem aceitar.
—Entao quer dizer que isso tudo aqui é real?
—Sim,
—E la fora? O que aconteceu?
—Nada, simplesmente você nunca existiu, é a lei do universo, é preciso ter um equilíbrio, quanto menos pessoas a sofrer melhor.
— Não percebi.
—Pense nas consequências do seu acto… Tente imaginar, vá! Força Clarissa! Disse o homem desafiante
—Minha tia passaria da cabeça por causa das jóias.
—So isso? Entao pegue na minha mão!
Clarissa estendeu as mãos para o homem, e quando olhou ao seu redor estava no meio da aldeia, estava todos em alvoroço, falavam alto, ouviu barulho de ambulância.
—Já tenho os corpos! — Disse um dos bombeiros.
—São quantos? Não sei ao certo, mas 5 ou 6 corpos, incluindo uma criança.
—O que esta acontecendo? —Perguntou Clarissa
—São as consequências dos seus actos.
—Eu não fiz nada!
—Ah não? Quando você entrou na floresta, o taxista voltou para casa e contou logo a sua tia o que havia acontecido, ela enlouquecida foi ate os tios do miúdo e os acompanhou ate a floresta a procura do miúdo ao encontra-lo sua tia enloquecida queria saber da mala, como o miúdo não sabia dela o tio o espancou até a morte, você desorientada ao ver a madrinha incitando o tio a matar o miúdo, parte para cima também, enfim…Quer ver o resto do filme?
— Não, já deduzi, efeito dominó…
—Bom seria se tudo ficasse apenas nisso, a cidade também iria sofrer as consequências, crianças que foram seus alunos traumatizadas pelo resto da vida, se transformando em adultos desajustados…
—Pronto, já percebi, ou seja, eu até depois de morta, causo problemas, a única saída para o erro que fora a minha existência é simplesmente fazer-me desaparecer, pois bem, é uma maneira linda do destino consertar as coisas… —Disse irónica.
—Não é nada disso Clarissa, as coisas não funcionam assim, ninguém é um erro, tudo o que existe na natureza é minuciosamente planeado, o que acontece é as vezes as pessoas estragam os nossos planos percebe?
—Entao diga-me em que momento eu estraguei os planos perfeitos para minha vida?
—No exacto momento em que você se fechou para mundo e condenou-se a viver naquele quartinho.
—Eu nunca desejei isso! Replicou convencida
—Lembra há 5 anos atrás quando a filha da sua vizinha que morava na capital lhe chamou para ir viver lá, pois ela iria abrir um infantário e queria que você fosse ajuda-la? E você não quis porque nutria uma raiva infantil pois ela lhe tomara um namorico quando ambas tinham 14 anos? Aquela foi a sua chance! três meses depois iria conhecer o Alfredo Neres, que tinha uma loja de ferramentas na Av. Maria Inacia da Silva quando fosse comprar um par de cabides para a escola. Vocês iriam se casar no dia 12 de maio na Igreja Santa Maria e no dia 22 de Setembro você descobriria que estava grávida, e nove meses depois nasceria Tiago, o menino que lhe trouxe aqui…
Clarissa não conseguia respirar, tudo girava a sua volta, não tinha palavras, apenas soltou um grito de desespero, caiu para trás, Tinho correu ao seu encontro.
—Clarissa! —Gritou desesperado
—Tinho, Tinho, meu filho, abraça-me —Soluçava desesperada.
—O que se passa? — Perguntou Tinho sem saber o que fazer
—Apenas conte-me como conheceu esse lugar — Implorou ansiosa
—Já contei, eu fiquei perdido e entrei na floresta, eu lembro-me de ter ficado la dias, eu achei que tinha ficado dias, já estava a beira da morte, já não conseguia mais levantar-me, foi quando eu comecei a chorar e então apareceu um homem, ele pegou-me no colo e levou-me para a cabana, cuidou de mim e perguntou o que eu mais queria na vida, então eu disse que queria você para sempre e ele disse que sim, que na hora certa isso iria acontecer. Entao ele me levou ate um sitio e apenas disse para eu seguir em frente que chegaria em casa, caminhei uns dez minutos e cheguei em casa, meu tio assustou-se pois disse que tinha acabado de chegar em casa, era o mesmo dia, mas sei que não era, a floresta voltou no tempo, percebe?
—E porque você escolheu a mim?
—Porque você e minha mãe. — Respondeu confiante
— Não percebi
—Talvez não seja filho de sangue, mas eu sei que você e minha mãe, eu sinto isso, e sei que você também sente, tudo que eu mais quis na minha vida desde que conheci você foi desejar o dia em que eu pudesse ficar ao pé de si para sempre.
Clarissa não conteve as lágrimas abraçou o miúdo com mais força, sussurrou no seu ouvido que nunca mais o deixaria, que acontecesse o que fosse ela jamais o deixaria sozinho. Ficaram ali abraçados um longo tempo, era tão bom ter aquele miúdo nos braços parecia que acabara de dar a luz, ela sempre sentira um amor diferente por aquele menino, não sabia exactamente como lidar com aquele sentimento, mas agora sabia, ele era seu filho, não estava sozinha no mundo, e agora tudo seria diferente, a floresta lhe dissera que ele era a sua segunda chance, não queria saber o que estava acontecendo, queria apenas viver aquele momento e nada mais, o que viria não fazia diferença.
ola querida obrigado pr seguir o blog mulheres que oram,gostei muito do seu blog e ja estou seguindo e gostaria de convida-la para visitar e seguir o meu outro blog sobre a beleza da mulher espero vc tambem lá estarei sempre passando por aqui
ResponderExcluiramei esta musica quem canta?e qual o nome?
boa semana para vc bj
Amei a Casa da Floresta!! muito bom, me fez fez refletir... o odio que alimentamos nos impede de vivenciar a vida por um lado mais belo, um caminho que esta diante de nós e não enchergamos...
ResponderExcluirBeijos Flor!!